O NEM Memória tem o objetivo de reconhecer o trabalho dos que colaboraram para o desenvolvimento do Núcleo de Estudos de Mediação, assim como para o desenvolvimento da mediação no Estado do Rio Grande do Sul.
A primeira homenageada deste projeto é Rosemari Seewald, uma das precursoras da mediação judiciária no Estado. Seu falecimento representou uma grande perda, mas seu trabalho e amor pela mediação seguem inspirando todos nós.
O NEM dá início a este projeto com esta merecida homenagem, contando com os depoimentos da Coordenadora do Núcleo, Desembargadora Genacéia da Silva Alberton, das Advogadas e Mediadoras, Roseli Blauth e Liane Busnello Thomé, bem como da Psicóloga e Mediadora, Denise Valle Machado. Além disso, disponibiliza um importante artigo de autoria de Rose sobre a Mediação Familiar, publicado em 2006 na Revista Multijuris de número 1.Todo este material está arquivado na pasta NEM Memória dentro da nossa Biblioteca Online.
O sorriso de Rose
O tempo passa muito rápido quando trabalhamos com aquilo que nos dá sentido à vida e quando temos ao nosso lado pessoas que sonham e agem conosco. Essa
foi a presença de Rosemari Seewald, que
conheci em 1987, quando atuava em São Leopoldo como Juíza Criminal e
de Menores. Para as assistentes sociais era um trabalho novo atuar no
Judiciário assim como para os Juízes.
Tinha em Rose, como era chamada, uma parceira com quem podia trocar ideias nas
atuações referentes aos meninos de rua ,
àqueles que buscavam o Judiciário porque queriam ser amados
pelos pais, que eram maltratados,
envolviam-se com drogas, fugiam de casa. Fazíamos
reuniões e palestras com as comunidades de bairro, autoridades e, numa
ação conjunta, íamos encontrando espaço para dar esperança àqueles que precisavam
ser ouvidos, vistos e acolhidos. Sempre com um sorriso animador, Rose estava
constantemente disposta a fazer
mais e melhor, colocando-se a serviço da
sua missão como Assistente Social. Reencontrei Rose, em 2004, no Núcleo de Estudos de Mediação , embora a amizade tenha permanecido mesmo depois de
eu ter vindo a Porto Alegre. Estava
muito animada com aquilo em que se
dedicava, a mediação. Preparava cursos,
atuava como voluntária, mediando em São
Leopoldo e Novo Hamburgo. Convencia os
incrédulos acerca da importância da mediação. Em 2007, o Núcleo de Estudos de Mediação (NEM)
teve no projeto de Mediação Comunitária
um momento de grande entusiasmo. Foram realizados encontros de formação de agentes comunitários e muitas foram as supervisões que ela fez aos grupos que atuavam na Lomba do Pinheiro. A partir de
então foram sendo realizados cursos na Escola da Magistratura para Mediadores
e Defensores Públicos. O Núcleo decidiu direcionar seu trabalho em estudos sobre mediação e, com a Resolução 125 do CNJ, tínhamos
a perspectiva de que haveria muito a trabalhar. Era 2010 e fomos, inesperadamente, abatidos
pelo falecimento de Rosemari Seewald. Foi
um momento de perda para o Núcleo,
tendo em vista que Rose era carismática,
experiente na área, disponível, competente , plena de ideias. Mas, o dinamismo e a lembrança do sorriso de
Rose nos levou a continuar a trajetória. Pelo
fato de ser Rose uma das precursoras da mediação judiciária
no Rio Grande do Sul, pela excelência de seu trabalho na formação de mediadores comunitários, cíveis e de família, Rosemari faz parte do
Memória NEM, um espaço no qual pretendemos resgatar o trabalho de pessoas que colaboraram
não apenas para o desenvolvimento do Núcleo, mas da própria
Mediação no Rio Grande do Sul.
À
Rose, o carinho, o reconhecimento do NEM.
Genacéia da Silva Alberton –
Coordenadora
"E assim, entre uma água e um café, ali começava uma das minhas mais belas parcerias de vida (...) À frente do Justiça Comunitária, vi a Rose tocando tantas vidas, acolhendo e batalhando pelas causas de tantas pessoas, abraçando-as com a mesma energia tal qual fossem suas. Vi o seu prazer ao transmitir conhecimento para as pessoas, a sua disponibilidade de escuta, a sua alegria e realização ao incentivar projetos que pudessem transformar a vida de pessoas e da comunidade. E foi a partir desta sua característica marcante, de auxiliar e incentivar a elaboração de projetos, que nasceu na zona oeste de São Leopoldo, um espaço voltado para o apoio a mães e crianças em situação de vulnerabilidade. Em sua homenagem, este espaço inaugurado após o seu falecimento em 2011, recebeu o nome de Instituto Rosemari Seewald".
Denise Valle Machado - Psicóloga, Mediadora, Coordenadora da Associação Desatando Nós e Criando Laços, e do Núcleo de Justiça Comunitária Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS).
"Fui contagiada pelo amor que ela tinha pela vida e pela mediação, da qual era uma defensora ferrenha. Tentei buscar uma palavra que a descrevesse, mas em se tratando da Rose...não tive êxito...é muito difícil, não dá...porque ela era uma daquelas pessoas de multifaces".
Roseli Blauth - Advogada, Mediadora, Coordenadora da Associação Desatando Nós e Criando Laços, e do Núcleo de Justiça Comunitária Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS).
"Ela sempre foi uma pessoa generosa e comprometida em difundir a mediação para quem quisesse aprender e utilizar este método. Durante muito tempo a Rose foi minha supervisora informal na execução do projeto e devo a ela muito do que aprendi com a mediação, mas o mais importante foi que com ela compartilhei conhecimento, amizade e generosidade. Não se pode falar em mediação no RS sem incluir a Rose nesta caminhada".
Liane Busnello Thomé - Advogada, Mediadora, Professora na PUC-RS e FMP-RS, Diretora Cultural do IBDFAM. Leia o depoimento na íntegra aqui
Mediação familiar é realidade em algumas Comarcas do Rio Grande do Sul
por Rosemari Seewald
Revista Multijuris n. 1 - agosto de 2006
por Rosemari Seewald
Revista Multijuris n. 1 - agosto de 2006
Antes de apresentarmos o Projeto de Mediação Familiar que foi implementado e está em desenvolvimento nas Comarcas de Novo Hamburgo, São Leopoldo, Campo Bom e Capão da Canoa, entendemos ser interessante fazer algumas considerações sobre a Mediação Familiar. Nos últimos anos, o mundo todo tem experimentado uma série de transformações econômicas e sociais, entre as quais temos que destacar a evolução dos costumes e a incorporação da mulher ao mercado de trabalho. Isto tem dado origem a modificações nos modos de vida da sociedade e das famílias. O conceito de família ampliou-se e não está mais restrito ao conjunto formado por pai, mãe e filhos. O afeto é a base das relações entre os casais e surge uma pluralidade de modelos familiares. Estas transformações fizeram surgir, também, novos e complexos conflitos familiares que exigem muito cuidado no seu trato, pois dizem respeito a relações afetivas e sentimentos de amor, ódio, raiva, envolvem filhos e tendem a perdurar no tempo. O crescente número de separações está-nos trazendo dados preocupantes no custo que representa para os filhos, frente ao estilo de separar-se dos pais. É inegável o momento doloroso que representa a separação, compreendida como a ruptura de uma relação afetiva e o sentimento de fracasso vivenciado pelos envolvidos. A separação é a representatividade do término da “sociedade conjugal”, porém esta não se extingue na sua totalidade, eis que existem os filhos e necessária se faz a continuidade da “sociedade parental”.